domingo, 18 de março de 2012

A França proíbe o milho da Monsanto em 2012

Uma ordem de proibição do milho transgénico MON 810 da Monsanto, foi notificada à Comissão Europeia, hoje, sexta - feira, 16 de março de 2012, pelo ministério da Agricultura Francês, e que será publicado no Diário Oficial a 18 de março de 2012.

Após múltiplas peripécias, o Ministério da Agricultura francês fez finalmente um comunicado sobre a proibição do MON810 para o cultivo, em todo o território nacional. Num comunicado de imprensa, o ministro da Agricultura e o primeiro-ministro, declaram conjuntamente que "a Comissão informou as autoridades francesas que tinha transferido o caso para a EFSA/ASEA (Agência Europeia para a Segurança dos Alimentos), mas que não contava tomar uma medida de emergência enquanto se aguarda o parecer da AESA." Com essa resposta, e "por causa da proximidade da época de plantio, o ministro da Agricultura decidiu [...] de tomar uma medida cautelar para proibir temporariamente o cultivo de milho MON810 no território nacional para proteger o meio ambiente. "

Assim, não haverá transgénicos na França este ano.



Tradução livre: ZLO

domingo, 4 de março de 2012

Transgénicos? Saber mais - 2ª Parte

Senhor agricultor e Senhora agricultora tem alguma dúvida sobre o milho transgénico (variedades geneticamente modificadas)? 
Quer saber se valerá a pena o seu cultivo?


Veja aqui mais 5 questões para ajudar a refletir!
 
1. Uma variedade de milho transgénico pode cruzar-se com uma variedade híbrida ou com um milho regional?
Sim, pode, através do pólen (flor masculina) que vai no vento ou nas patas dos insectos (incluindo as abelhas), a partir de uma seara transgénica. Claro que isso provocará má vizinhança, quer com produtores quer com apicultores. Por exemplo, já há países na União Europeia que não permitem a venda de mel que contenha pólen transgénico... e as abelhas podem viajar mais de 10 km para recolher de pólen, nomeadamente de milho.

2. Quais as consequências da contaminação genética?
A contaminação com milho transgénico de variedades regionais de milho (que nalgumas regiões de Portugal são usadas para produção de broa) é muito grave pois pode ser impossível limpar a contaminação das semente e, assim, é mais uma variedade regional que se perde para sempre.
No caso de milho híbrido convencional a contaminação não será tão grave se o destino for a produção de rações, mas poderá encontrar-se alguma dificuldade na venda de milho contaminado se este for destinado à alimentação humana. Vai depender do comprador e do contrato.
Na contaminação de milho de agricultura biológica o agricultor perde a cer- tificação e o preço, ou seja, tem de vender no mercado convencional e perde o prémio diferenciador associado a uma produção de maior qualidade.

3. A distância de segurança definida por lei entre uma seara transgénica e uma de milho não transgénico será suficiente para evitar a contaminação genética?
A distância de segurança prevista na lei reduz a contaminação mas não a impede totalmente – isso mesmo é demonstrado nos relatórios anuais de acompanhamento dos cultivos transgénicos que são publicados pelo Ministério da Agricultura.

4. Comer milho transgénico é seguro para a saúde dos animais e das pessoas?
As empresas que inventaram estas sementes dizem que sim, mas só mostram os estudos que lhes convêm e em que as cobaias comem transgénicos em pequena quantidade e durante poucas semanas. Outros estudos, feitos em Universidades ou por cientistas independentes, já demonstraram efeitos negativos em diversos órgãos (desde o fígado aos rins, ao intestino e ao pâncreas).

Atualmente a aprovação de milho transgénico na União Europeia é um processo muito facilitista. Isso faz lembrar a aprovação de muitos pesticidas nos anos 50, 60 e 70 do séc. XX: inicialmente dizia-se que eram totalmente seguros e mais tarde acabaram por ser proibidos porque afinal eram muito tóxicos e, nalguns casos, causavam até cancro e outras doenças fatais (como no caso do DDT). As culturas transgénicas ainda estão na sua infância e há muita informação em falta. É inevitável que, à medida que se for investigando, os seus impactos negativos se tornem ainda mais visíveis.

A verdade é esta: os europeus não confiam nos transgénicos, e a esmagadora maioria dos consumidores não os quer comer. O único mercado que existe para os transgénicos é o das rações, precisamente onde os consumidores não podem escolher.

Mesmo em Portugal já existem proibições com base legal: a Região Autónoma da Madeira aplica sanções a quem cultivar milho geneticamente modificado no seu território e a dos Açores também decidiu criar uma zona livre de cultivos transgénicos. Algumas dezenas de municípios também criaram as suas próprias zonas livres, mas os governos têm impedido que essas decisões ganhem força de lei.

5. O milho transgénico autorizado pela comissão europeia é cultivado em todos os países da União Europeia?
Não! Há vários países – que incluem os maiores produtores de cereais da Europa – em que o milho MON 810 está proibido neste momento: Áustria, Hungria, França, Alemanha, Grécia, Luxemburgo, Bulgária, Itália e Polónia. As razões são várias, mas têm todas a ver com a proteção da agricultura, ambiente e economia nacionais. Em 2011, na União Europeia, apenas oito dos 27 Estados Membros cultivaram qualquer tipo de transgénico e, no total, a área foi muito limitada: inferior a cem mil hectares.

6. A utilização de variedades transgénicas de milho tornará o produtor mais ou menos dependente das empresas de sementes e de pesticidas? E fará aumentar a confiança dos consumidores nos produtos agroalimentares?

Pense nisto!


Fonte: PTF

Transgénicos? Saber mais - 1ª Parte

Senhor agricultor e Senhora agricultora tem alguma dúvida sobre o milho transgénico (variedades geneticamente modificadas)? 
Quer saber se valerá a pena o seu cultivo?



Veja aqui 6 questões para ajudar a refletir!

1. Sabe o que é o milho transgénico?
Os milhos transgénicos são variedades criadas em laboratório. Fazem-lhes uma espécie de “enxerto genético”, em que o “garfo” pode vir de uma ou mais bactérias, vírus, fungos, animais ou outras plantas. Na Natureza os enxertos com seres muito diferentes nunca pegariam. É precisamente por serem variedades que nunca existiriam por processos naturais que os transgénicos envolvem perigos novos e diferentes das plantas normais. Também por isso existem leis especiais para regular estas variedades geneticamente modificadas.
No caso da variedade de milho transgénico cultivado em Portugal, o “enxerto” vem de uma bactéria (o Bacillus thuringiensis, por isso se chama milho Bt) e de um vírus (o vírus do mosaico da couve flor).

2. O milho transgénico Bt produz mais que o milho normal?
A diferença entre o milho transgénico Bt da variedade MON 810 (a única autorizada para cultivo em Portugal) e, por exemplo, o milho híbrido convencional, está unicamente no inseticida. No caso do MON 810 o inseticida contra a broca é produzido pela planta, no caso do milho híbrido convencional o inseticida tem de ser aplicado pelo produtor. A engenharia genética não trouxe mais nenhuma alteração a este milho.

3. Numa produção com milho Bt aplicam-se menos inseticidas?
Sim, mas só até as pragas se tornarem resistentes! Nem todos os anos há ataque de broca que justifique tratamento. Cultivar milho Bt todos os anos é como estar a tratar pragas mesmo quando elas não existem. No caso de milho transgénico o produtor de facto não tem de aplicar inseticida uma vez que ele está a ser criado pela própria planta. Mas, embora haja menos químicos a serem aplicados, a carga total de químicos no terreno é maior. Isto acontece porque o inseticida está a ser produzido pela planta durante todo o seu crescimento, ao contrário do sistema convencional em que o inseticida acaba por desaparecer alguns dias após a aplicação.
Além disso as pragas, quando estão constantemente na presença do mesmo inseticida, acabam por lhe ficar resistentes. Por isso com o passar dos anos o milho Bt torna-se cada vez menos eficaz e, mais grave ainda, a aplicação de Bt por pulverização em culturas convencionais também deixa de funcionar (visto que as pragas resistentes que aparecerem no milho transgénico acabam por se espalhar para o convencional). O problema da resistência tem atingido níveis gravíssimos nalgumas culturas e regiões, e verifica-se que é muito acentuado com a adopção de variedades transgénicas.

4. Sabe que há outros meios de luta contra as lagartas do milho, sem
recorrer à aplicação de pesticidas?
A principal lagarta do milho em Portugal, a broca (Sesamia nonagrioides), pode ser combatida por métodos não químicos já aplicados com sucesso noutros países:
1) Captura massiva de adultos em armadilhas sexuais (20 armadilhas por hectare, com feromona sexual e pastilha inseticida);
2) Atração e repelência: cultura isco em bordadura do milho, à base de erva Napier (Pennisetum purpureum) e erva-do-Sudão (Sorghum sudanense) e cultura repelente em consociação com o milho à base de leguminosas do género Desmodium.

Outras boas práticas importantes para evitar ou combater essa praga são:
3) Rotação de culturas, alternando por exemplo com culturas hortícolas;
4) Consociação de culturas leguminosas, como o feijão frade; 
5) Trituração da palha após a colheita;
6) Plantas aromáticas em bordadura para atrair insectos auxiliares como as vespinhas parasitas e as joaninhas (uma joaninha come mais de 60 ovos de broca por dia).



5. A semente de milho transgénico tem o mesmo preço das sementes híbridas normais? E a produção tem o mesmo valor de outros tipos de milho? 
O milho transgénico para semente é vendido cerca de 25 a 35% acima do valor do milho normal. Esta diferença de preço resulta do custo da patente das sementes transgénicas, que é propriedade privada das respetivas mul- tinacionais. Já a produção transgénica é vendida no mercado ao mesmo preço do restante milho.

Por outro lado, o milho biológico tem sido vendido em Portugal a um preço mais que 50% superior ao valor do milho convencional – entre 300 e 350 euros por tonelada – o que resulta numa margem bruta de 1400 a 1800 euros por hectare, mesmo em solos pobres.

6. Um campo de milho transgénico é mais rentável que um campo de milho híbrido convencional? 
Depende. 
Se houver um ano com muita broca, e se o produtor não tiver usado outros meios para evitar ou combater essas pragas, vai tirar mais rendimento com uma plantação de milho transgénico.
Mas quando a incidência não atinge o nível económico de ataque, e sobretudo se houver tratamento químico, a diferença pode não ser significativa. Isso mesmo se concluiu num estudo espanhol, para duas das três regiões que lá cultivam milho transgénico. Uma outra investigação, nos Estados Unidos, que olhou para o uso de milho transgénico durante vários anos concluiu que, no global, a diferença de produção não compensou o aumento de custo associado à compra de sementes transgénicas.

Pense nisto!


Fonte: PTF
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