terça-feira, 3 de julho de 2012

Agronegócio e transgénicos estão por detrás do golpe no Paraguai




Várias entidades camponesas de diversos países da América Latina divulgaram uma nota acusando o agronegócio, a concentração de terras e o cultivo de transgénicos de estarem por trás do golpe no Paraguai. “Novamente, a América Latina se vê sacudida pelo atropelo da vontade popular, em mãos dos interesses 
corporativos do agronegócio”, iniciam a nota.

E prosseguem: “Uma complexa trama dos grandes produtores brasileiros sobre o Paraguai para plantar soja transgénica, junto à investida contra o governo para introduzir definitivamente os transgénicos em todo o país, terminou num golpe de Estado "express” no qual os aliados políticos do agronegócio actuaram rapidamente, para destituir o presidente do país.



As tentativas de destituir o titular do Servicio Nacional de Calidad y Sanidad Vegetal (Senave), engenheiro Miguel Lovera, com uma lista de acusações que incluía a sua posição "contra a produção agropecuária moderna” por parte da Unión de Gremios de la Producción (UGP) e a tentativa para liberar os transgêénicos – que era explícito no “tratoraço” prometido para o dia 25 de junho - deixam às claras a luta para torcer o braço de um governo que, com muitíssimas limitações, tinha começado a dialogar com os movimentos camponeses. Mal Lugo foi destituído, a medida de força (“tratoraço”) impulsionada pelo agronegócio foi suspensa.



A situação da terra e sua distribuição desigual, com 85% das terras –uns 30 milhões de hectares - nas mãos de 2% dos proprietários, somada à penetração de produtores brasileiros, produz uma tensão permanente na qual a violência paramilitar e por parte das forças públicas é algo quotidiano, e vem acompanhada pela criminalização das lutas camponesas.



O assassinato de Curuguaty, que aconteceu no dia 15 de Junho como resultado dessas tensões e a repressão estatal e paraestatal, que culminou com a morte de seis policias e 11 camponeses, foram utilizadas para empreender o julgamento político e o golpe institucional.




A Alianza Biodiversidad, condena o golpe, que tem recebido o rechaço de todo o povo paraguaio e denuncia as grandes corporações do agronegócio, com Monsanto e Cargill à cabeça, como responsáveis, junto aos grandes latifundiários locais e os políticos cúmplices, por este golpe. Estão amplamente demonstrados os vínculos e interesses comuns desses sectores.



Ao mesmo tempo, partilha o apoio político expresso pelos governos de distintos países e pela Unasul ao presidente constitucional Lugo, que constataram a violação de garantias processuais e democráticas por parte do vice-presidente, Federico Franco, de dirigentes políticos de diversos partidos e autoridades legislativas. Acompanha também as manifestações de repúdio e de solidariedade expressas por inúmeras organizações políticas e movimentos sociais de toda a América Latina.



Acompanha o povo paraguaio na sua resistência e compromete-se a sustentar a denúncia de ilegitimidade do actual governo e a apoiar a luta do povo paraguaio e as reivindicações das organizações camponesas e povos indígenas do Paraguai.



Hoje, todos somos Paraguai!



Assinam o documento a Alianza Biodiversidad, REDES-Amigos de la Tierra, Uruguay, GRAIN, Chile, Argentina y México, ETC Group, México, Campaña Mundial de las Semilla de Vía Campesina, Chile, Grupo Semillas, Colombia, Acción Ecológica, Ecuador, Red de Coordinación en Biodiversidad de Costa Rica, Costa Rica, Acción por la Biodiversidad, Argentina, Sobrevivencia, Paraguay e Centro Ecológico, Brasil.

Fonte: GAIA


Imagens: Dazibao
                          Humor Politico

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